Aviso

Ponto de vista de Bridget

Tinha de admitir que Loki não fora tão difícil de aturar como pensara, embora ainda fosse muito impertinente. Sabíamos que Magneto e o seu exército de mutantes chegariam em breve, por isso treinávamos com mais afinco que nunca. Fury decidira não voltar a fazer o porta-aviões voar, e ficámos albergados no Triskelion, o quartel general da S.H.I.EL.D. Aí, não havia quartos, apenas no porta-aviões da S.H.I.E.L.D. Eu passava os dias no Triskelion mas à noite regressava ao meu apartamento.

Treinava principalmente com Steve, mas às vezes Natasha e Clint também se juntavam a nós. Steve lançava o seu escudo contra o meu, Natasha treinava as suas aptidões de luta e Clint o seu tiro ao alvo. Bruce encontrava-se muitas vezes no laboratório e Tony fechava-se em sua casa, na cave, a melhorar as suas armaduras de Homem de Ferro. Mas o mais curioso era ver Loki e Thor a treinarem. Não os via muitas vezes, mas às vezes vislumbrava o martelo de Thor a sobrevoar os ares ou um clone de Loki aqui e ali. Ele e Thor pareciam dar-se melhor desde que o segundo descobrira que Loki tinha sido possuído e que ainda havia hipóteses de ele se redimir.

Duas semanas depois de eu e Thor termos retirado Loki do julgamento, eu e Steve estávamos a caminhar pelos espaços exteriores do Triskelion quando vimos Loki e Thor a virem na nossa direção.

-Bridget, Steve – cumprimentou Thor.

-Thor – acenou Steve – Loki…

Loki, que me olhava, fixou os olhos em Steve.

-Rogers – depois voltou a olhar-me – Robinson.

-Lo… - fui interrompida pelo soar de uma sirene vinda de dentro do Triskelion. Daí a segundos, Natasha correu em direção a nós, com o seu uniforme preto vestido.

-Problemas em Central Park, suspeita-se que seja ação do Magneto. Steve, vai buscar o teu escudo, Thor, prepara o teu martelo. O Tony vai ter diretamente ao local, os outros estão prontos – disse ela. Steve correu para o Triskelion, indo buscar o seu escudo. Saiu pouco tempo depois, juntamente com Bruce e Clint.

-Está a começar, não está? – inquiri e Natasha acenou afirmativamente, correndo em direção a um jipe preto com lugar para sete pessoas e entrando no lugar da frente. Clint sentou-se a seu lado enquanto na fila do meio ficaram Steve e Bruce, e eu, Thor e Loki na detrás. Natasha arrancou a toda a velocidade, impulsionando-nos para trás. Era hábil a conduzir, furando pelo trânsito agilmente. 

Começámos a ver vários carros da polícia com as luzes acesas e as sirenes a tocar a dirigirem-se para o mesmo sítio que nós. O local da confusão situava-se junto a uma ponte e a um rio. As pessoas corriam, desenfreadas, de um lado para o outro, enquanto uma grande onda se erguia do rio em direção à margem direita do rio, aquela onde nós estávamos.

-Bolas – gritou Natasha, parando o carro abruptamente mesmo a tempo de evitar as pessoas que corriam na nossa direção. Outras tentavam atravessar a ponte, que parecia muito frágil. Saímos do jipe, Clint com a sua aljava de flechas às costas, Steve com o seu escudo, Natasha com as suas armas carregadas e Thor com o seu martelo bem seguro na sua mão.

-A ponte está prestes a partir-se! – avisou Steve.

-E a onda vai abater-se sobre as pessoas! – gritou Bruce. Por essa altura, Tony chegou, vestido na sua armadura de ferro. Os polícias ordenavam ordens, mas havia demasiado barulho e confusão para se conseguirem fazer ouvir.

-Tratem da ponte, eu trato da onda – afirmei.

-Thor, resgata as pessoas que ainda estejam na ponte e leva o Clint para te ajudar – ordenou Steve - Natasha, fala com o Fury e põe-no a par da situação e fica atenta a possíveis invasores. Tony, tu eu vamos resgatar as pessoas que caíram à água ou que se encontrem em barcos. Bruce, ajuda a evacuar as pessoas.

-E eu? – questionou Loki, mas Steve limitou-se a olhá-lo, sendo depois agarrado por Tony em direção à água. Thor, por sua vez, agarrou em Clint e voaram até à ponte e Natasha afastou-se para falar com Fury, enquanto ordenava às pessoas que se afastassem e recuassem, seguida por Bruce. Por essa altura, a onda atingia a sua altura máxima, estando a segundos de se abater contra nós.
Era enorme, maior do que qualquer obstáculo que eu já tivesse aguentado com o meu escudo magnético, mas tinha de tentar fazer alguma coisa. Não podia limitar-me a ficar ali especada a ver a onda gigante abater-se sobre nós.

Respirei fundo, concentrando-me e chegando-me o mais próximo da berma do rio.

-Bridget! – pareceu-me ser a voz de Loki a gritar, mas no meio de tanta confusão não conseguia ter a certeza.  

Projetei um escudo magnético com a minha mente, barrando a onda. Esta abateu-se com força contra o meu escudo, o que me fez fraquejar, mas consegui aguentar. Reforcei a minha barreira, consolidando-a. Por fim, a água regressou ao rio, chapinhando com estrondo. Eu estava tão próxima da beira do rio que ia cair a este se Loki não me tivesse segurado. Nem sequer sabia que ele tinha ficado ali.

-Estás bem? – perguntou-me, enquanto me ajudava a levantar. Quando achei que conseguia andar sozinha, afastei-me.

-Sim.

-Aquela era uma onda mesmo grande – afirmou ele – tu és poderosa.

Embora não tivesse nada com que corar, fiquei com a impressão de que a minha cara tinha ficado vermelha. Porque é que ele estava a ser tão gentil?
-Bom trabalho, Bridget – disse Natasha, correndo para mim. Olhei em volta. A maioria das pessoas tinha conseguido sair daquela zona e tinha sido evacuada com segurança por Natasha, Bruce e pelos polícias. Thor e Clint tinham conseguido tirar toda a gente da ponte e Tony e Steve resgatavam as últimas pessoas caídas à água. Por sorte, a ponte não era alta, e o fundo do rio não era rochoso, pelo que ninguém se magoara gravemente. O trânsito, que fora interrompido, estava caótico, mas o pior já passara. Por enquanto.

Reunimo-nos todos junto do jipe.

-Isto não foi algo natural – assegurou Bruce – sem dúvida que é obra de Magneto. O que é estranho é ele ainda não ter dado sinais de si.

-Se calhar é covarde – alvitrou Steve.

-É cauteloso – corrigiu Loki – lançou este ataque para avaliar as capacidades dos seus inimigos. Está escondido algures, à espera do melhor momento para atacar.

-O Loki tem razão – admitiu Clint.

-Agora o que temos a fazer é regressar ao Triskelion. A polícia já está de sobreaviso mas as noticias sobre Magneto ainda não foram divulgadas ao público – adiantou Natasha – temos de estar bem atentos.
-Malta, acham que aquilo é o que estávamos à procura? – interpelou Tony, apontando para a marina, que se via ao longe.  No mar, um grande submarino rompia a superfície e tinha um aspeto imponente e feroz.