-Como queiras – Steve encolheu os ombros. Natasha revirou
os olhos.
-Vocês, homens, são tão dramáticos. Fazem um drama por
qualquer coisinha. Estás a fazer uma tempestade num copo de água, Steve. Se a
Bridget disse que não se passa nada, é porque não se passa nada. Esquece lá
isso! – exclamou ela. Steve meditou nas suas palavras.
-Tens razão, Nat. Desculpa, Bridget.
Eu sorri.
-Não faz mal.
Ele sorriu também. Pelo canto do olho, vi Natasha piscar-me
o olho discretamente e sorri-lhe, agradecida.
-Olhem ali! - Tony apontou subitamente para a porta do bar.
Virei-me para olhar, mas só ouvi Natasha dizer:
-Tony, para de beber.
Sorri. Queria esquecer o que se passaria amanhã e
aproveitar a saída com a Pepper e os Vingadores.
*
No dia seguinte, eu e Steve devíamos ser os únicos sem
ressaca. Tony conseguira beber à vontade, e todos os outros tinham alinhado. Eu
ficara-me por um copo e Steve não conseguia ficar geneticamente bêbedo.
Mas eu não estava menos ansiosa que todos os outros, só que
por razões diferentes. Só conseguia pensar no que se estaria a pensar em Asgard
naquele dia, durante o julgamento de Loki.
-Precisas de te acalmar, Bridget – disse-me Maria Hill à
hora de almoço – senão o Fury vai notar que estás estranha e vai perceber que
já sabes.
Assenti, mas não me consegui acalmar. Estive com Steve a
maior parte do dia no ginásio e no campo de treinos e notei que ele percebeu
que eu estava estranha, mas não perguntou nem fez nenhum comentário. A certa
altura, enquanto Steve lançava com potência o seu escudo contra a minha
barreira, a sala tremeu, lançando-nos contra o chão. Depois ouviu-se um
estrondo. Em seguida, uma luz brilhante e depois novamente outro estrondo.
-Que é que se passa? – perguntei, enquanto eu e Steve nos
levantávamos. Saímos da sala de treinos, e a voz de Fury ecoou pelos
altifalantes.
-Devido ao temporal que começou subitamente, tivemos de
aterrar no quartel general da S.H.I.EL.D. Estão a ser fornecidos carros
para quem quer ir para casa, mas aviso que não é prudente conduzir no meio de
um temporal como este.
Chegámos à sala de comandos e olhei pela janela. Chovia
torrencialmente e o vento uivava, mas não foi isso que me chamou mais a
atenção. O primeiro estrondo que ouvira fora o do porta-aviões da S.H.I.EL.D a
aterrar nas instalações terrestres, em Nova Iorque, denominadas de Triskelion, que era um edifício grande.
Porém, a luz brilhante que se seguira fora um relâmpago e o barulho ensurdecedor fora um trovão. Trovões. Thor. O Deus dos Trovões. O Julgamento. Loki.
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Porém, a luz brilhante que se seguira fora um relâmpago e o barulho ensurdecedor fora um trovão. Trovões. Thor. O Deus dos Trovões. O Julgamento.
Sabia que podia ser apenas uma coincidência, mas a minha
cabeça teimava em fazer a ligação entre o súbito temporal e o julgamento de
Loki. Decidi ficar pelo porta-aviões, uma vez que era perigoso ir para casa.
As televisões e as rádios diziam que aquele temporal não
estava previsto e os especialistas em meteorologia e Ciência não o conseguiam
explicar, o que reforçava a minha teoria sobre Thor e Loki. Estaria Thor
furioso por terem ilibado Loki? Estaria furioso porque lhe tinham dado uma
sentença pequena? Ou porque lhe teriam dado uma sentença exagerada?
Fechada no quarto, ansiosa, não aguentei. Caminhei
pertinentemente até ao gabinete do Fury. Como não queria quebrar todas as
regras, bati à porta.
-Sim? – perguntou a voz dele de dentro do escritório. Sem
mais hesitações, abri a porta e perguntei a Fury de rajada:
-Qual foi a sentença de Loki?
Apenas não reparei que Steve estava sentado em frente a
Fury, a estudar uns papéis. O olhar dele, quando se virou para me encarar, foi
frio e severo.
-Bridget, como é que sabias que era hoje o julgamento? –
questionou Fury. Encolhi os ombros, desvalorizando a pergunta.
-Ouvi por aí – depois olhei de relance para Steve – e
estava apenas curiosa, claro.
-Como deves ter reparado, o Thor não está muito contente
com a sentença – e apontou para a janela. O temporal continuava.
-Este temporal… é obra dele? – inquiri. Fury assentiu com a
cabeça e olhou-me de forma preocupada.
-Loki foi condenado à morte.
Um relâmpago potente rasgou os céus, seguido de um trovão
ensurdecedor. A dor atingiu-me com força. Não podia ser… Frigga nunca o
permitiria…
-Isso… não é verdade… - gaguejei, ofegante, sem saber o que
fazer ou pensar. Parecia tudo um grande pesadelo…
-Foi o que Thor me revelou.
Fury parecia triste, mas apenas porque assim não podia usar
Loki no seu plano para derrubar Magneto. E eu? A que se deveriam os meus
sentimentos de dor? Lembrei-me do primeiro dia em que o vira, quando o vigiara…
das constantes provocações, da ida a Asgard, da noite na varanda depois do
jantar em que eu falara sobre o meu passado, do beijo debaixo do túnel de
flores… de Klaus e do passeio a cavalo…
-Mas… e o facto de ele estar a ser controlado pelo
Tesseract? – interroguei.
-Aparentemente não foi suficiente para ilibar Loki de tudo
o que ele fez quando estava consciente – afirmou Fury. Steve permanecia calado.
Eu lutava contra as lágrimas. Engoli em seco e virei-me, para eles não me verem
chorar. Depois Steve falou.
-Se tu o queres mesmo ajudar… pede a Heimdall que te abra o
portal e luta, Bridget. Luta.
E não foi preciso dizer mais nada. Saí do gabinete de Fury
a toda a velocidade, correndo para a saída das instalações. A chuva e o vento
fustigaram-me e tremi de frio, as minhas lágrimas misturando-se
com as gotas da chuva.
-Heimdall, por favor! Se me ouves, abre o portal!
Um feixe de luz dourada aterrou sob mim,
teletransportando-me para Asgard.
*
Aterrei em Bifrost, zonza, e agradeci a Heimdall.
-Obrigada.
-O príncipe Loki está na praça principal – referiu ele.
Corri pela ponte até a praça. Em Asgard não estava a chover, e o sol era
esplendoroso. Não foi difícil chegar até à praça pois já lá tinha
estado com Thor, Sif e os Três Guerreiros.
Alguns asgardianos olharam-me de forma estranha, mas a
maioria deles estava concentrado na praça principal, perto do palácio. Esta era
um grande largo, com uma multidão enorme e uma espécie de palco montado. Frigga
chorava desalmadamente ao fundo do palco, Odin tentava consolá-la e não havia
sinais de Thor. E depois vi Loki. Os guardas empurraram-no para o meio do
palco, um deles a desembainhar uma espécie de espada mágica que conseguiria
matar Loki. Este tinha as mãos atadas, vestido com o seu manto verde normal, e
o seu olhar parecia perdido, vagueando pela multidão. Eu estava no fundo, mas
os seus olhos incidiram nos meus. Apesar de tudo o que ele tinha feito, não
conseguia vê-lo… morrer. Projetei uma onda magnética que levantou os guardas do
palco e os atirou contra o chão.
-Bridget! – gritou Frigga. A multidão separou-se, deixando
o caminho livre para eu ir até ao palco. Tentei manter-me calma e segura
enquanto caminhava na direção deste.
-Como pôde… como pôde condená-lo à morte? –
sussurrei, aproximando-me para que só ela, Odin, e provavelmente Loki, me
pudessem ouvir.
-Não depende de mim, Bridget – disse-me Frigga, as lágrimas
a escorrerem-lhe pela cara.
-Mas a senhora é a rainha! – exclamei eu, elevando a voz.
Ouvi a multidão aproximar-se para ouvir melhor – e ele é seu filho!
-É a desgraça de Asgard! Acabem o que têm de acabar! –
gritou uma voz da multidão. Virei-me para a plateia.
-E como acham que se sentiriam se a vossa vida, se tudo
aquilo que conheciam, fosse mentira? – questionei – Loki não sabia que era
adotado e não estou a dizer que ele devia ser desculpado só porque lhe mentiram
toda a vida. Mentiram-no para o proteger, mas todas as mentiras magoam. E Loki
errou e meteu-se com quem não devia e eles controlaram-no. A partir daí,
usaram-no sem escrúpulos, como a um boneco, manipulando-o e fazendo dele aquilo
que queriam. Loki tinha consigo uma luta interna, contra o poder do Tesseract,
mas ninguém percebia. E ele… para ele é difícil distinguir o certo do errado,
mas por favor… por favor… - engoli em seco – não o matem.
-E porquê? – gritou outra voz.
-Porque precisamos dele em Midgard – disse alguém de
repente. Esperem lá… eu reconhecia aquela voz. Aquela voz trovejante e rouca.
Thor. Aterrou ao meu lado, com o martelo bem seguro na mão, fazendo estremecer
o palco, a capa vermelha a esvoaçar atrás dele.
-Thor? – perguntei.
-Fury também me contou os planos que tinha para Loki –
declarou Thor – precisamos dos dons dele para combater uma nova ameaça em
Midgard. Se Loki nos ajudar e tiver sucesso… poderá redimir-se.
-Thor, não o podemos deixar ir assim – fez ver Odin.
-Heimdall vigia-o, pai! – respondeu Thor – e até pode ser
que Loki não o demonstre, mas eu acho… eu acho que lá no fundo… ele está
diferente.
Loki não se pronunciara até ali. Nesse momento, levantou a
cabeça do chão e encarou os olhos de Thor. Eu ainda tinha as minhas dúvidas, de
que Loki mudasse, mas aquela era a oportunidade perfeita para salvar Loki da
morte.
-Toda a gente merece uma segunda oportunidade – alegou Thor
– eu prometo… - e olhou diretamente para os olhos de Odin – que se Loki falhar,
se eu falhar… se Loki ficar ainda pior que antes, se fizer algo de mau… eu
acartarei com as culpas e com toda a responsabilidade. Aceito que Loki fique à
minha responsabilidade, se isso o salvar da morte.
-Defendam Midgard! – exclamou uma voz fina da multidão. Era
uma rapariga pequena, sentada nos ombros do pai – não há povo mais nobre do que
aquele cujos dois príncipes se unem e se sacrificam por outra nação! E Asgard é
esse povo, pois os seus príncipes sacrificar-se-ão por Midgard!
-Por favor, pai – pediu Thor. Bastou a Odin um olhar
suplicante de Frigga para acenar em sinal de concordância.
-Mas se… se Loki falhar, Thor… espero que estejas
consciente que não será apenas Midgard a cair. Tu também, toda a família real,
e toda Asgard caíra – declarou Odin em voz profunda.
-Aceito o peso da responsabilidade – afirmou Thor – os
asgardianos nunca desistem.
Com esta afirmação, Thor encheu a multidão de asgardianos
com orgulho. Começaram a aplaudir e a incentivar os príncipes.
-Partam agora, meus filhos – declarou Frigga – antes que
seja tarde demais. E lutem pela vossa preciosa Midgard.
Os olhos de Loki cruzaram-se novamente com os meus, mas eu estava demasiado confusa e nervosa para identificar o que ele estava a sentir. Depois, um feixe de luz dourado incidiu no palco e eu, Thor e Loki partimos em direção à Terra.
Os olhos de Loki cruzaram-se novamente com os meus, mas eu estava demasiado confusa e nervosa para identificar o que ele estava a sentir. Depois, um feixe de luz dourado incidiu no palco e eu, Thor e Loki partimos em direção à Terra.
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