segunda-feira, 28 de julho de 2014

Magnum

Olhei para Loki.
-Bom, vais ser um cavalheiro e virar-te enquanto eu me visto?
-Porque é que não usas apenas a casa-de-banho? - contrapôs ele. Bufei, mas acedi. Não era altura para discussões. Mudei-me rapidamente e assim que voltei para junto de Loki ouviu-se um estrondo e o barulho da casa a ruir. Pela janela vi vários mutantes a correr para a praia e foi com alegria que vi Tony e Bruce a usarem com sucesso a arma que tinham construído. Os mutantes caíram na areia, imobilizados. Sem esperar, saí do quarto, com Loki a seguir-me, observando mais mutantes a caírem pelos corredores da mansão. As traseiras da casa tinham começado a ruir.
-Que é que ela ainda aqui está a fazer? - ouvi a voz de Steve gritar - já a devias ter levado, Loki! Sabia que não devia ter confiado em ti!
Depois senti Loki pegar em mim bruscamente e a lançar-se em direção à praia, enquanto a grande mansão explodia numa imensidão de calor e chamas. 
-Steve! - gritei, quando aterrei na areia, com Loki por debaixo de mim a amortecer o impacto. 
-Não esperava esta emboscada de ti, Bridget - Magneto saiu das chamas, e logo foi rodeado por Thor, Clint e Natasha. Bruce e Tony ainda estavam de volta da arma e não havia sinais de Steve - agora por causa de ti, toda a gente vai morrer.
-Talvez, mas tu também! - gritou Thor, rodando o seu martelo e gritando na sua voz ribombante - Bruce, Tony, agora!
Os dois parceiros de laboratório apontaram a arma para Magneto, e embora esta resultasse completamente nos mutantes só afetava Magneto um bocadinho. Thor lançou o seu martelo contra o escudo que Magneto projetara à sua volta, bem como Clint, que lançara várias setas explosivas e Natasha, que lançara balas feitas do mesmo material da arma. Depois veio o escudo de Steve, e ele saiu das chamas com vários arranhões. Loki também fez a sua parte, confundindo a mente de Magneto com várias ilusões. Mas mesmo com a força de todos eles, Magneto conseguia resistir. Ainda faltava algo. O sabor do seu próprio veneno. O poder dele. O meu poder.
-Pensaste realmente que me ia juntar a ti, Magneto? Foi a tua arrogância que permitiu isto, que só por ser tua filha ia deixar as minhas virtudes de lado num abrir e fechar de olhos! E achas mesmo que aquele poder que eu te mostrei era o meu poder máximo? Pois estavas enganado! - e com uma adrenalina que nunca na minha vida sentira e que me percorria velozmente as veias, fazendo o meu corpo ser percorrido por violentos puxões, o meu máximo potencial dirigiu-se como luz em direção ao escudo de Magneto. No momento em que os dois poderes se tocaram, houve uma faísca de poder, ambos lutando um contra o outro. Reforcei o meu poder, canalizando toda a minha fúria e toda a minha vontade de vencer. Por fim, o escudo dele cedeu, permitindo ao martelo de Thor, às flechas de Clint, às balas de Natasha e ao escudo de Steve de se lançaram sobre Magneto. Ele não conseguia resistir, imobilizado pela arma de Tony e Bruce e pelas ilusões de Loki. 
E então houve uma explosão que nos arrebatou a todos, lançando-nos em várias direções pela praia. Aterrei à beira-mar, esgotada. Percebi que o fizéramos. Que tínhamos derrotado Magneto. 
Um por um, os outros levantaram-se da areia. Eu era a que estava mais esgotada. 
Depois comecei a sentir-me a cair.
-Bridget! - gritou alguém.
E tudo ficou preto.

*

As pálpebras pesavam-me e dificultavam-me a simples tarefa de abrir os olhos. Tudo o que conseguia ver era uma luz branca e forte, que me provocava dores de cabeça sem fim. Por fim, lá os abri. Não reconheci imediatamente onde estava, mas alguém que entrou pela porta fez-me parar de tentar saber onde me encontrava.
-Bridget! Acordaste! - Steve sorriu e sentou-se numa cadeira ao pé de mim. Eu estava numa cama que parecia ser de hospital.
-Steve. Estás bem? Os outros estão bem? O que aconteceu? Onde estou?
Ele fez-me uma festa no cabelo.
-Calma, Bridget. Estão todos bem. Estiveste em coma por uma semana. Tememos o pior. Todo aquele poder que utilizaste para acabar com Magneto esgotou-te imenso. 
-Onde estamos?
-Na enfermaria do quartel-general da S.H.I.E.L.D, o Triskelion, em Nova Iorque - respondeu Steve. 
-Como é que está o mundo? - eu falava muito devagar, tentando evitar a dor que me assolava.
-Estranho. Por um lado, exultantes por termos vencido outra vez, por outro lado, divididos com... o facto de Loki nos ter ajudado. 
-Onde é que ele...
-Steve Rogers, não devia estar a desgastar tanto a Bridget - disse uma enfermeira entrando na sala - tenho que lhe pedir para sair, por favor. A Bridget precisa de descansar.
-Não... eu estou bem...
Mas depois a dor foi mais forte e voltei a adormecer. 


*

Acordei novamente no dia seguinte, desta vez na companhia de Natasha. Ela explicou-me que a S.H.I.E.L.D. tinha tratado dos mutantes e que tinha sido emitido um comunicado oficial pelo presidente dos EUA a explicar como não havia nenhumas razões para as pessoas se preocuparem.
-Sabes qual foi o nome de super-heroína que a comunicação social escolheu dar-te? - perguntou Nat com um sorriso. Fiz que não com a cabeça - Magnum.
-Como a marca de gelados? Ou a pistola? - questionei, admirada.
-Sim, mas acho que escolheram o nome por causa do magnetismo.
-E por causa de Magneto - suspirei. Depois veio-me à mente algo que nada tinha a ver com o que estávamos a falar - onde está o Loki?
-Acho que ele te veio ver, mas estavas a dormir.
-Bom, isso é assustador - gracejei eu. Depois fiquei séria - ele vai voltar para Asgard, não vai?
Natasha acenou afirmativamente com a cabeça.
-Não sei quanto tempo é que ele vai lá ficar a cumprir pena. O Thor disse que vai ser pouco tempo, por causa de Loki ter sido possuído e nos ter ajudado agora.
-Define "pouco tempo".
Natasha olhou-me com um misto de compaixão e tristeza.
-Alguns anos.
Engoli em seco. Já devia estar preparada para aquilo, mas mesmo assim doeu.
-Vais para Asgard se o Thor te convidar?
Desviei o olhar.
-Porque haveria? Eu e o Loki, nós não...
-Podes fingir com toda a gente, mas não comigo, Bridget. Por duas razões. Um, já fui uma espia altamente treinada e sei quando as pessoas me mentem e dois, és minha amiga e eu não sou tola.
-Não sei o que é que sinto por ele. Mas ele afeta-me, de uma maneira ou doutra. Não o percebo. É sempre muito imprevisível e acho que é isso que me intriga.
-Eu sei o que sentes por ele. E no fundo tu também - Natasha fitou-me - imprevisível é o amor.

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