sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Almoço

Fui até ao bar da S.H.I.E.L.D comer qualquer coisa. Steve, Thor, Tony e Bruce estavam lá, a comer qualquer coisa que eu não conseguia nomear. 


Pedi um hambúrguer de queijo duplo ao balcão e quando me ia sentar numa mesa sozinha, Tony chamou:
-Ei, Rapariga-Que-Deu-Cabo-Do-Loki-Com-Um-Só-Golpe, não te queres juntar a nós?
Encolhi os ombros.
-Ok - tirei uma cadeira e sentei-me entre Thor e Steve. 
-Então, foi uma grande surpresa, hã? Toda a gente estava à espera que puxasses o botão de emergência quando o Loki começou aquele grito ensurdecedor - disse Steve.
Encolhi os ombros.
-Não foi nada demais.
-És demasiado modesta - disse Tony.
-A humildade é uma das maiores características de um soldado - fez ver Steve.
-E de um herói - completou Bruce.
-E de um Deus - assentiu Thor.
-Não de um génio, bilionário...
-Galã e filantropo - completei e Tony sorriu.
-Exato.
-Aborrecida por teres de vigiar o meu irmão? - questionou Thor.
-Bastante - confirmei - ele é mesmo manipulador, o Fury avisou-me - olhei para a comida deles - que é que  é exatamente isso que estão a comer?
-Shawarma - responderam os quatro ao mesmo tempo. Tony acrescentou: - queres uma dentada?

Shawarma

-Nem por isso, obrigada. Contento-me com o meu hambúrguer. E tenho de o acabar depressa para voltar ao meu trabalho. Vejo-vos por aí - afirmei, quando acabei o hambúrguer. Fui buscar outro ao balcão uma vez que sabia que Loki ainda não almoçara.
-Devias passar pelo ginásio ou pelo campo de treinos um dia destes - sugeriu Steve - gostava de ver melhor os teus poderes.
-Com certeza - sorri e depois encaminhei-me para a cela de Loki. 

*

Nem sequer sabia porque estava a ser simpática para com Loki, mas isso não me impediu de lhe passar o hambúrguer pela portinhola da cela quando os guardas se foram embora.
-Porque raio me trouxeste isto? – escarniu ele.
-Ainda ninguém te trouxe o almoço, pois não? – perguntei, cruzando os braços sob o peito – então aí o tens.
-Não lhe vou tocar. Deve estar envenenado – contrapôs ele.
-Vê a minha cara de preocupada – afirmei, encolhendo os ombros e sentando-me na cadeira colocada em frente a ele – só te vai afetar a ti se escolheres comer o raio do hambúrguer ou não. A mim pouco ou nada me importa.
Peguei no livro que tinha trazido e comecei a ler, observando Loki discretamente a abrir o pacote de papel e a mirar o hambúrguer, desconfiado. Deu-lhe uma dentada pequena e a sua cara contorceu-se com desgosto.
-A comida dos mortais não presta – declarou.
-Não deves estar à espera que vá a Asgard trazer-te um banquete dos Deuses, pois não? – inquiri. Ao contrário do que esperava, Loki não ficou furioso. Pelo contrário, esboçou um sorriso maléfico. 


-Nunca encontrei ninguém com um sarcasmo tão parecido com o meu – mencionou, dando uma segunda dentada no hambúrguer.
-Estás a referir-te a mim? – perguntei, não tirando os olhos do livro.
-A menos que tenhas visão raio-X e consigas distinguir mais alguém aqui, sim estou a referir-me a ti, mortal - afirmou.
Nesse instante, o meu telemóvel apitou. Retirei-o do bolso, lendo a mensagem que recebera. 

(Clicar na imagem para aumentar)

Sorri e voltei a colocar o telemóvel no bolso. Quando ergui a cabeça, Loki fixava-me, parado em pé na sua cela.
-Oh, estavas à espera que te respondesse? – questionei. Ele revirou os olhos.
-Não espero nada de ti, sua mortal estú… - ia ele a dizer mas calou-se quando franzi o sobrolho. Sorri triunfantemente como se fosse uma miúda a pregar uma partida bem sucedida. Era inacreditável, mas começava a achar aquele trabalho divertido, pelo facto de alguém que queria dominar a Terra e quase destruíra Nova Iorque inteira se ter calado ao meu sinal. 
Consegui ler uma página inteira do livro sem que Loki falasse, mas assim que ele acabou o seu hambúrguer, disse:
-Pensei que as mulheres mortais só gostavam de revistas cor-de-rosa e não de livros grandes.
-Essa é a pior iniciativa de começar uma conversa que alguma vez ouvi – comentei.
-Não estava a tentar conversar contigo, mortal – afirmou ele – estava apenas a fazer uma observação.
-Bem idiota, por sinal.
-Vou considerar isso como um elogio.
Ergui a sobrancelha.
-Não deves receber muitos, pois não?
Ok, essa tinha sido má. Mas não que eu me importasse muito em ferir os sentimentos a um tipo que estava sempre a ofender e a querer prejudicar os outros. Ok, se calhar até me importava… não, claro que não.
-Que queres dizer com isso? – perguntou, com voz fria.
-Bom, só estou a dizer que as pessoas não te devem considerar a pessoa ideal para elogiar.  Mas de certeza que não te importas com o que tenho a dizer…

-Tens razão, não me importa o que dizes. Mas confesso que sinto alguma curiosidade… não sentes, admite lá, nem uma pontinha de medo pelo meu historial, pelo meu passado, pelos meus truques? Por aquilo que consigo fazer?
Olhei-o nos olhos, que eram uma mistura de azul, verde e cinzento. Ele tinha razão, eu tinha medo, nem que fosse só um bocadinho, eu sentia-o e sabia-o, mas se me custava admitir isso a mim mesma, quanto mais ao próprio Loki.
-Não - respondi, aguentando o seu olhar frio e avaliador. Depois ele esboçou novamente aquele sorriso maquiavélico. 
-Tens a certeza?
Levantei-me da cadeira.
-Queres que eu to prove?
Ele recuou alguns passos, com as mãos levantadas em sinal de rendição, mas o sorriso nunca lhe saiu da cara.

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