terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Asgard

Quando cheguei à sala principal de operações, reencaminharam-me para o gabinete privado de Fury. Já lá tinha estado uma ou duas vezes, mas nunca me sentira tão nervosa. Bati à porta e a voz de Fury autorizou-me a entrar.
O gabinete de Fury era simples, com mobília de madeira e pouca decoração. Fury encontrava-se sentado na sua cadeira preta de escritório e Thor numa cadeira de madeira que mal dava para se sentar.


-Chamou, diretor? – perguntei, fechando a porta atrás de mim. Senti-me como uma menina prestes a ser repreendida pelo diretor da escola.
-Sim, agente Robinson. Sente-se – pediu ele. Sentei-me ao lado de Thor, parecendo uma boneca pequena comparada com o tamanho do Deus asgardiano. Este esboçou-me um pequeno sorriso, que eu retribuí.
-O julgamento de Loki já foi marcado – disse Fury e senti um aperto no estômago, vindo de sei lá de onde. Fiz por permanecer serena, mas por dentro o meu nervosismo acabara de aumentar – decorrerá em Asgard daqui a duas semanas, onde ele será julgado pelos crimes que cometeu aqui na Terra.
-Pensava que ele já estava condenado a passar o resto da vida na prisão…? – questionei, confusa.
-A minha mãe deseja que o Loki seja julgado de forma justa pelos asgardianos – afirmou Thor – e quer que Loki fique lá.
-Ok, mas o que é que eu tenho a ver com o assunto? – interpelei, sem querer ser indelicada.
-Pedi ao Thor para escolher uma pessoa para o acompanhar a ele e ao Loki na sua ida a Asgard e ele escolheu-te a ti – informou Fury. Fiquei espantada. Eu conhecia Thor há tão pouco tempo! Como é que ele me podia ter escolhido a mim? Olhei para Thor, à espera de uma explicação.
-Pareces a pessoa indicada para colocar o Loki nos eixos se algo correr mal – afirmou ele – e se te estás a perguntar acerca dos Vingadores, prefiro que fiquem aqui caso aconteça algo mau neste planeta. Antes de te conhecer ponderei em levar um guarda armado, mas tu pareces ser a pessoa certa.
Engoli em seco. Por um lado, era lisonjeador que Thor me tivesses escolhido, mas por outro lado não estava certa se queria ir a Asgard assistir ao julgamento de Loki. Seria por me sentir intimidada pelo estatuto de Deuses e pela diferença de culturas entre a Terra e Asgard? Afinal, era outro planeta! Ou seria por temer o que aconteceria a Loki depois do julgamento? Não, claro que não! Definitivamente, a primeira razão era a única possível.
-Então, agente Robinson, vai aceitar? – interrogou Fury, inspecionando-me com o seu único olho visível. Engoli em seco. Por mais que detestasse Loki, esta era uma excelente oportunidade para me tornar mais amiga de Thor. Ele confiara em mim e cabia-me a mim mostrar que era digna dessa confiança.
-Sim – declarei – eu aceito.
-Eu sabia que ias! – exclamou Thor, dando uma palmada nas costas da minha cadeira que me ia deitando ao chão – desculpa.
-Não faz mal.
-Vá preparando as suas coisas, agente Robinson – avisou Fury - partem amanhã.
O meu queixo caiu, literalmente. Amanhã? Mas isso era, bem… isso era amanhã! Era demasiado cedo! 
Mas não consegui replicar ao ver o sorriso de entusiasmo estampado na cara de Thor.

*

No dia seguinte, levei a minha mala até ao aeroporto, esperando pela chegada de Thor e de outros polícias armados que iam buscar Loki à sua cela. Steve, Tony, Bruce, Natasha e Clint foram ter comigo.
-Não deixes o Loki chatear-te muito – disse Steve.
-Qual quê, diverte-te, miúda! – exclamou Tony – vais estar num planeta novo, ninguém te vai poder dizer o que podes ou não podes fazer…
-Não é bem assim, Tony – advertiu Bruce.
-Boa sorte – interrompeu Natasha e Clint acenou levemente com a cabeça.
-Obrigada - agradeci. Conhecia os Vingadores já há um mês e todos eles pareciam boas pessoas. Steve era sério, responsável, generoso e leal, e o líder dos Vingadores, sempre pronto a servir o seu país. Tony era charmoso, mulherengo, engraçado e sarcástico, e o extrovertido do grupo. Thor era corajoso, leal, bondoso, e desejoso de atenção. Bruce era sério, calado, misterioso e inteligente, sendo o cientista do grupo. Natasha era misteriosa, e distante ao início, mas simpática e divertida no fundo. Clint era forte, reservado, impulsivo e prudente. 
Thor e Loki chegaram, com alguns guardas à volta. Loki devia ter um qualquer dispositivo que permitia à S.H.I.E.L.D ver onde se encontrava e pensei se ir só eu e Thor com ele não seria má ideia. Quer dizer, ele era o Deus do Prejuízo e das Mentiras! Quem sabe o que ele podia fazer?
Loki cruzou o olhar comigo e o seu sorriso presunçoso cruzou-lhe o rosto. Olhei-o maldosamente, mas acho que isso apenas contribuiu mais para o seu sorriso aumentar.
-Vamos – trovejou Thor, agarrando Loki por um braço. Como não percebia muito de Ciências, apenas sabia que Bruce e Tony conseguiram criar um portal interdimensional que nos levaria ao planeta de origem de Thor, Asgard. Coloquei-me do outro lado de Loki e senti-me sugada por um vórtice imenso. 

*

Ponto de vista de Heimdall (Deus dos Portais) 

Senti de imediato a presença de três seres fortes, dois bastante conhecidos. Sabia que eram Thor e Loki, príncipes de Asgard, mas não conhecia a terceira pessoa que vinha com eles. Como Deus dos Portais e Guardião dos Mundos, consigo sentir a presença de quem quer que chegue a Asgard e vigiar qualquer pessoa que me peçam. Claro que estava encarregue de vigiar Loki, e conseguia sentir uma forte mas subtil ligação entre ele e a terceira pessoa.
O meu reino era Asgard, um planeta pertencente aos Nove Reinos, dos quais também Midgard (ou Terra) fazia parte.

Asgard

O meu posto de trabalho é Bifrost, uma ponte que liga Asgard a Midgard.

Bifrost

Vi-os a virem ter comigo, Loki no meio, Thor de um lado e a terceira pessoa misteriosa do outro. Era uma mulher, loura e de olhos verdes, mas mais nada sabia acerca dela. Thor sorriu ao ver-me, abraçando-me, sem se preocupar com a minha armadura.
-Heimdall! - disse ele.
-É bom tê-lo de volta, Thor - cumprimentei.
-É bom estar de volta a casa, mas trata-me por tu, Heimdall - pediu Thor. Depois olhou para Loki, como que à espera de uma manifestação da parte dele. Loki limitou-se a olhar-me.
-Esta é a Bridget - interrompeu Thor - escolhi-a para vir comigo porque consegue lidar com Loki.
Loki fez uma expressão de troça e Thor olhou-o severamente. Bridget parecia bastante intimidada com a minha presença, por isso perguntei-me de que forma conseguiria ela lidar com Loki.
-Prazer em conhecê-lo – afirmou ela, fazendo uma pequena vénia.
-O prazer é todo meu – respondi, olhando-a enigmaticamente.
-Temos de ir para o palácio agora – disse Thor – vejo-te por aí, Heimdall.
-Não duvides – respondi, mirando-os uma última vez. Depois, desapareci para observar os mundos. 

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