quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Loki

O helicóptero aterrou e de imediato dezenas de oficiais armados correram para ele, vigiando Loki enquanto ele descia a rampa rodeado de polícias. Observei tudo da sala de comandos e operações, mas todos os Vingadores quiseram ir lá fora. Esperei pacientemente que eles entrassem nas instalações da S.H.I.E.L.D e observei através das câmaras os oficiais a prenderem Loki.





-Está na altura de começar, agente Robinson – disse-me Maria Hill, uma agente da S.H.I.E.L.D com quem eu já trabalhara algumas vezes – precisa que alguém lhe indique o caminho para a cela?
-Não, sei qual é – encolhi os ombros e suspirei. Depois dei uma última olhadela à sala de operações principal, respirei fundo e encaminhei-me pela porta. Antes de sair, ainda ouvi Maria dizer:
-Boa sorte, Bridget.
-Vou precisar – respondi, abrindo a porta e caminhando até ao subterrâneo, onde se encontrava a cela de Loki. Dois polícias armados encostavam-se à parede, um de cada lado, e levantaram a cabeça em jeito de aceno quando me viram entrar. Observei a cela. Parecia forte e resistente. Loki estava lá dentro, na cela vazia e bem iluminada.
-Ficas bem? – perguntou-me um dos guardas. Assenti com a cabeça, nervosa.
-Se precisares de alguma coisa, apenas clica no botão de emergência – disse o outro. Olharam para Loki com desprezo e depois saíram pelas portas pesadas, deixando-me sozinha com Loki. Sabia que havia câmaras de segurança a vigiar-nos e quando pensei que Loki ia simplesmente ficar especado no meio da cela, sem dizer nada, ele falou.
-Então esta é que é a tão falada guarda que me vem vigiar? – indagou, com escárnio na voz – confesso que esperava melhor. Sem armas, nem uniforme, nem nada…
Não sabia se devia responder ou não, mas como ele não parecia pessoa de desistir à primeira, falei.
-Agradeço que fiques calado para não tornar este trabalho ainda mais aborrecido, Loki – afirmei.
-Como te atreves a falar-me dessa forma, a mim, a um rei, a um Deus?
-Sim, Deus do Prejuízo – esquadrinhei.
-E porque raio te facilitaria eu a vida, sua simples e covarde mortal? – acusou ele, a voz cheia de desdém.
-Para que eu facilite a tua também – a minha voz tornou-se mais forte e segura à medida que as suas palavras me faziam ver que Fury tinha razão. Era quase como se os insultos me tornassem mais forte, me fizessem ser mais corajosa – porque não me importa o que possas pensar ou deixar de pensar acerca de mim, Loki, posso tornar a tua vida num inferno sem qualquer problema. E não preciso do consentimento de ninguém, não do Fury… não do Thor.
Na menção de Thor a sua expressão alterou-se, passando de desdenhosa e mesquinha a furiosa.
-Não voltes a mencionar esse nome. Nunca. Mais. 
-Porquê, tens medo dele? – cruzei os braços sob o peito e encarei-o desafiadoramente.
-Oh, mortal, há muita coisa que tu não sabes e aviso-te a teres cuidado. Posso estar selado, preso, encarcerado, mas não me tiraram os meus poderes. Posso brincar com a tua mente, criar ilusões…
-Agradeço-te por me desabafares o que podes fazer. Agora quando o fizeres, eu saberei.
Ele riu-se histericamente como um louco. O som era impossível de se aturar, como o som de uma sirene de unhas a arranhar esferovite… aquilo daria comigo em doida em pouco tempo. Também sabia que não era o seu riso normal, que era apenas uma ilusão para me fazer ir embora ou libertá-lo.
Então fiz a única coisa que sabia poder fazer. Olhei para Loki maldosamente, que continuava a emitir aquele barulho ensurdecedor.
Uma onda invisível propagou-se pela cela dele, atirando-o contra a parede de vidro do outro lado e o silêncio instalou-se.

*

Ponto de vista de Fury

-Que raio foi aquilo? – inquiriu Thor, inclinando-se para ver melhor as câmaras da sala de vigilância onde eu e os Vingadores nos encontrávamos.
-Uma onda eletromagnética de propulsões razoavelmente médias – declarou Bruce.
-De quem? – inquiriu Steve.
-Dela – afirmei, um sorriso a bailar-me os lábios. Qualquer guarda humano normal teria dado em doido com aquele barulho. Nós tivéramos de desligar o som para não endoidecermos, quanto mais Bridget, que estava mesmo ao lado de Loki. Fora por isso que a escolhera, porque eu sabia que ela agiria exatamente como agiu. 
-O quê? – inquiriu Clint.
-Sim, temos mantido os seus poderes em segredo – confirmei – mas a agente Robinson consegue controlar o magnetismo e criar ondas, choques e escudos eletromagnéticos.
-Então porque raio é que trabalha secretamente? Podia ser uma super heroína! – exclamou Tony.
-Talvez ela não queira – notou Steve – nem todos têm de ser espalhafatosos como tu, Stark. Talvez ela seja só um soldado.
-Ou talvez ela não seja poderosa o suficiente – alvitrou Natasha.
-Se ela não fosse não tinha atirado assim com o meu irmão – respondeu Thor – está bem que ele está preso, mas já vimos que continua a controlar os seus poderes tão bem como antes. Ela é poderosa. 

*

Ponto de vista de Bridget

Loki caiu com estrondo no chão da cela, interrompendo o súbito silêncio. Levantou-se a custo, mas recompôs-se e olhou-me com fúria.
-Como te atreves, sua estúpida mortal? - questionou.
-Ó paras de ofender os outros ou o teu rabo vai voltar a tocar no chão dessa cela - afirmei calmamente. Ele revirou os olhos.
-Não estou a ofender os outros. Estou a ofender-te a ti.
-Como queiras. Mas não é o que costumas fazer? - inquiri - não costumas ofender os outros só para te sentires melhor contigo mesmo?
-Afinal és uma guarda ou uma psicológica?
-Sou o que precisar de ser - argumentei. Ele olhou-me com desprezo. O telemóvel que tinha no bolso tocou. Era um número desconhecido. Atendi.
-Ei, Bridget, é a Natasha. Só para avisar que podes fazer uma pausa para almoço. Uns guardas devem estar aí a chegar para te substituir dentro de 3, 2, 1...
Nesse momento entraram dois guardas armados e Natasha desligou a chamada.
-E agora o que fazemos nós se Loki começar a gritar como gritou? - perguntou um dos guardas, mais para si próprio que para os outros.
-Ignora-o - encolhi os ombros - ele só o fez porque o provoquei.
-Tu não me provocaste, sua... - ia ele a dizer, mas fechei as portas com força antes de ouvir o que ele tinha para dizer, encaminhando-me para o bar da S.H.I.E.L.D.

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