terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O palácio

Ponto de vista de Bridget

Heimdall era um Deus estranho, não que houvesse um Deus normal, mas mesmo assim. Era tão enigmático e parecia tão conhecedor… como se nos conseguisse ler a mente ou ver a alma, como se nos conhecesse desde sempre.
-Vais gostar de Asgard – disse-me Thor quando caminhávamos os três para o palácio – podes conhecer a Sif, o Fandral, o Volstagg, o Hogun…
Loki revirou os olhos e soltou um suspiro de desagrado.
-Há alguma coisa de errado, irmão? – perguntou-lhe Thor e suprimi um sorriso quando Thor me lembrou os padres.
-Oh, ele só tem inveja de teres tantos amigos – declarei. Loki lançou-me um olhar frio e furioso, mas não me importei. Estava mais preocupada com o que se erguia à nossa frente. 
O palácio de Asgard parecia de ouro, tão dourado e resplandecente. Subimos a escadaria e depois entrámos, os guardas a cumprimentarem Thor com vénias e a lançarem olhares de desprezo a Loki. 
Em seguida entrámos na sala do trono. Odin, pai biológico de Thor e adotivo de Loki, e rei de Asgard, sentava-se no trono dourado, imponente. Fez-me lembrar Fury porque também usava uma pala no olho, além de serem ambos membros de grande autoridade. 



Frigga, mãe biológica de Thor e adotiva de Loki, e rainha de Asgard, ocupou o seu trono ao lado do de Odin, também ela uma figura imponente, mas maternal.
-Thor, Loki - afirmou Odin, perscrutando-os. Sentia-me nervosa e depois Odin e Frigga observaram-me.
-Pais - sorriu Thor, correndo para eles e abraçando-os sem cerimónia. Loki e eu ficámos lado a lado, sem saber o que fazer, rodeados de guardas - é bom estar de volta.
-Ficamos contentes por estares aqui - afirmou Frigga e depois levantou-se, desceu a escadaria de ouro e colocou-se em frente de Loki - e tu também, Loki.
-Sim, tenho a certeza de que estão todos ansiosos por me julgar - respondeu ele, o sorriso presunçoso na cara e a voz carregada de sarcasmo.
Frigga virou-se para mim, esboçando um sorriso que me parecia ser um sorriso a tentar esconder a tristeza que sentia por Loki, porque ela ainda o amava como a um filho, tal como Thor ainda o amava como a um irmão. 
-E esta bela jovem é...
-Bridget Robinson - disse Thor - veio comigo para vigiar Loki. 
Pensei que Loki fosse sorrir novamente como fizeram quando estávamos com Heimdall, mas não o fez.
-É um prazer conhecê-la, Bridget - disse a rainha.
-Igualmente, majestade - fiz uma pequena vénia.
-Devem estar cansados da viagem. Podem ir para os vossos quartos. Alguém lhe indicará o seu quarto, Bridget - disse Frigga.
-Segundo os meus cálculos, isso faz com que reste eu - ironizou Loki.
-Não, Loki - Frigga olhou-o severamente - vais ficar no teu quarto. Ninguém lhe mexeu.
-O quê? - perguntou Odin, tentando não vociferar, mas ele estava tão chocado quanto eu, Thor ou mesmo o próprio Loki - não era suposto ele ficar preso?
-Sabes que Heimdall e outros o estão a vigiar. Peço-te, Odin, que o deixes fora daquelas masmorras - Frigga olhou para o marido com emoção no olhar. Odin suspirou. Amava demasiado a sua esposa para lhe dizer que não, e esta amava demasiado Loki para o sujeitar às masmorras. Não percebia como Loki podia merecer um amor tão puro como o de Frigga, e ele parecia também não perceber.
-Podem ir - disse Odin - o jantar será servido às oito em ponto.
Deixámos a sala do trono e de imediato perguntei a Thor:
-Também vou jantar com vocês?
Ele sorriu.
-Claro que vais. E o Loki também.
Este arqueou uma sobrancelha.
-Quem disse?
-A mãe foi demasiado generosa para contigo, por isso se pensas sequer que lhe vais fazer uma desfeita dessas e não aparecer no jantar, eu próprio faço questão que fiques nas masmorras! - vociferou Thor, parando depois à frente de uma porta - este é o teu quarto, Bridget. Se precisares de alguma coisa, podes chamar-me. Até logo.
-Adeus - afirmei. Eles foram-se embora e eu entrei no quarto. Era grande e majestoso, bem iluminado e limpo. Pousei a minha mala na cómoda, tirei alguma roupa e fui até à casa de banho privativa. Era muito grande, e se eu soubesse que ia ser uma convidada dos reis de Asgard, tinha trazido uma roupa melhor. Não que eu tivesse roupas à altura de Asgard. 

 

 

Tomei um banho, vesti-me e saí. Não me agradava muito a ideia de me aventurar sozinha pelo enorme palácio, mas ia aborrecer-me se ficasse no quarto. Por isso saí, e depois de algumas voltas, consegui encontrar a saída e passeei pelos jardins, que eram enormes e muito bem tratados.


A certa altura, alguém saltou para cima de mim, fazendo-me cair ao chão.
-Quem és tu? - perguntou uma voz de mulher e estava pronta a usar os meus poderes para a tirar de cima de mim quando ouvi uma segunda voz.
-Sif, deixa-a. Ela está comigo - reconheci a voz de Thor e o peso em cima de mim desapareceu. Respirei ofegantemente, virando-me para ver uma linda rapariga de cabelo preto e olhos azuis, porém, com um aspeto feroz e até mortífero. 
-Oh - disse ela, estendendo uma mão para me ajudar a levantar, que eu não aceitei, levantando-me sozinha - não sabia. Com essas roupas, pensei que fosses um intruso. Desculpa.
-Não faz mal - disse eu - é assim que as pessoas da Terra se vestem.
-Midgard? - questionou ela e assenti com a cabeça, pois era esse o nome que os asgardianos davam ao planeta dos humanos.
-Espero que ela não te tenha dado muitos problemas - disse uma outra voz, agora masculina. Um homem louro de aspeto pomposo caminhou até mim e pegou na minha mão, os seus lábios mal tocando na pele da minha mão.
-Au! - disse ele, retirando a sua mão de imediato e olhando-me com um ar chateado - a Sif foi a que te magoou e eu é que pago?
Olhei-o, estupefacta. Não fora eu, a sério! Não tinha feito nada! Não que quisesse que aquele homem estranho me pegasse na mão, mas eu não fizera nada para o impedi!. 
-Não... - um pensamento atravessou-me a mente, mas abandonei-o logo. Não podia ser - desculpa - acabei por dizer.
O homem sorriu, o seu ar chateado desvanecendo-se por completo.
-Não faz mal! - exclamou ele jovialmente - eu sou o Fandral, e eu, Volstagg e Hogun somos conhecidos como os Três Guerreiros!
Ia perguntar quem eram Volstagg e Hogun quando apareceram vindos de não sei onde um homem forte e imponente com cabelo e barbas longos e ruivos a comer uma perna de frango e outro mais pequeno de aspeto asiático.
-Volstagg é o que está a comer a perna de frango - apresentou Fandral, como que a censurá-lo - e o outro é Hogun. 
-Olá - cumprimentou Volstagg com a boca cheia. Hogun acenou levemente e fez-me lembrar Clint, enquanto que Sif me lembrava de Natasha e Fandral de Tony. Não os via há poucas horas, mas já tinha saudades deles...
-E em conjunto são a Sif e os Três Guerreiros - finalizou Thor e percebi que aqueles quatro eram os seus melhores amigos em Asgard. 
-Prazer em conhecê-los - afirmei.
-O prazer é todo nosso - sorriu Fandral. Passei com eles um bom bocado e falámos sobre a Terra e Asgard, sobre as aventuras deles, etc. Depois retirei-me, mas eles continuaram sentados no jardim a conversarem e a rirem. Achei que mereciam alguma privacidade, aqueles quatro velhos e bons amigos. 

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