segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Saco de boxe

Ponto de vista de Bridget

A raiva ainda me corria velozmente pelas veias quando deixei a cela de Loki. Decidi ir até lá fora, respirar ar puro e ver o mar. Enquanto mirava as águas escuras, alguém se aproximou.
-Foram palavras duras aquelas que disseste ao Loki – olhei para o lado, observando Steve Rogers a debruçar-se sobre o mar e a pôr as mãos na borda do porta-aviões.
-Ele mereceu – respondi.
-Bom, sabes, toda a gente anda a comentar o que lhe disseste, porque nunca ninguém, nem mesmo Thor, lhe tinha dito tão diretamente o que todos pensavam, desde a batalha em Nova Iorque – afirmou ele.
-Eu nunca tive a necessidade de ser assim com alguém. Ele é…
-Imprevisível - interrompeu Steve.
-Exato – concordei. Suspirei. O barulho de um helicóptero a aproximar-se e os passos dos agentes encheram-me os ouvidos. Dei meia volta e olhei por cima do ombro para Steve – queres vir treinar comigo no ginásio?
Ele sorriu.
-‘Bora.
Franzi o sobrolho.
-Andas a aprender calão com o Stark? – inquiri, sorrindo.
-Talvez – Steve sorriu também e encaminhámo-nos para o ginásio. Este era espaçoso e estava cheio das mais diversas máquinas: passadeiras, máquinas de musculação, cordas, bolas, pesos, sacos de boxe, entre outros equipamentos que não conseguia identificar. Não havia muita gente lá, já que os agentes só costumavam ir lá na pausa para almoço ou depois das cinco da tarde.


-Então, que te apetece fazer? – perguntou Steve. Examinei as máquinas, mas já antes de entrar no ginásio sabia o que queria fazer.
-Não costumo vir muito ao ginásio – confessei – mas acho que neste momento os sacos de boxe estão a chamar por mim. 
Steve sorriu, compreendendo.
-São uma boa escolha para descarregar a raiva e descomprimir – pegou num dos sacos do chão como se fosse uma almofada e pendurou-o numa saliência própria no teto. Depois de verificar que estava firme e bem preso, Steve disse:
-Faça favor.
Engoli em seco, posicionando-me à frente do saco. Sentia-me intimidada pela figura forte e imponente de Steve, mas tentei imaginar o saco de boxe como sendo a cara de Loki. Sorri com este pensamento e comecei a esmurrar-lhe a cara… a esmurrar o saco, desculpem. Quando acabei, Steve sorria.
-Nada mau – afirmou, acenando com a cabeça.
-Não vais dizer “Nada mau para uma rapariga?” – perguntei, lembrando-me do machismo de Loki.
Ele abanou a cabeça.
-Já vi muitas mulheres soldado e uma coisa que aprendi foi a não subestimá-las – garantiu ele.
-É a tua vez – declarei. Desviei-me para o lado e Steve posicionou-se à frente do saco. Uma imagem vale mais que mil palavras.



-Uau – exclamei, fixando o saco estendido no chão e a areia que o enchia espalhada pelo chão. Steve coçou a parte de trás do pescoço, preocupado.
-Pois, provavelmente não foi uma boa ideia – alegou. Ainda estava chocada com a força dele, mas segui-o quando o Capitão América se abaixou para começar a limpar o chão.

*

Almocei com Steve no bar da S.H.I.E.L.D. depois de termos acabado de limpar o chão do ginásio e mais tarde Natasha e Clint Barton juntaram-se a nós. Era evidente que eles gostavam um do outro mais do que como apenas amigos, mas nenhum deles parecia gostar de dar o braço a torcer.
-Preciso de ir falar com o Fury agora – disse Steve quando acabámos de almoçar – queres ir para o campo de treinos logo à tarde?
Acenei afirmativamente com a cabeça , dirigindo-me ao meu quarto. Cada agente tinha um compartimento pessoal com casa de banho privativa, mas muitos dos quartos estavam desocupados. Estes eram todos iguais, mas eu personalizara o meu com quadros de avisos, posters de filmes, etc. Aproveitei para ir até à casa de banho lavar os dentes e pentear o cabelo.
Mais tarde, fui ter com Steve ao campo de treino, uma sala grande e acolchoada com colchões azuis, com paredes, teto e chão resistentes a super poderes. Havia um armazém adjunto ao campo para quem quisesse ir buscar obstáculos para treinar, como muros, bancos, escudos, etc.
-Pronta para começar? – perguntou ele.
-Sim – assenti. Ele pegou no seu escudo de Capitão América. Tínhamos planeado uma série de exercícios e o primeiro consistia em ele lançar o seu escudo contra a minha barreira magnética, de forma a testar e reforçar a minha barreira. Eu precisava realmente de desenvolver os meus poderes, mas nunca tivera tempo, oportunidades ou vontade de o fazer.
Posicionei-me a meio do campo, concentrando-me no ambiente à minha volta, sentindo o magnetismo dentro de mim e tentando expandi-lo para formar uma barreira ou um escudo à minha volta. Steve colocou-se à minha frente, alguns metros a separar-nos, e lançou o seu escudo contra a minha barreira. Esta tremeu quando o choque se deu, mas resistiu à medida que o escudo fazia ricochete e Steve o apanhava. Praticámos este exercício mais meia dúzia de vezes e depois passámos ao seguinte.
Steve posicionou uma série de mobília pesada à minha frente, de forma a que as minhas ondas magnéticas invisíveis a “varressem” e atirassem contra a parede à minha frente. Steve ficou de pé a meu lado, enquanto eu atirava a custo a mobília contra a parede.
-Devo admitir que é mais fácil mandar o Loki pelos ares do que o raio desta mobília pesada – afirmei. Steve soltou uma leve gargalhada.
-Principalmente quando te apetece mesmo mandá-lo pelos ares. Ele parecia um boneco – notou Steve.
-Ele irrita-me como ninguém, é… - fui interrompida pela porta do campo a abrir-se, Bruce a entrar com uma bata de laboratório e os óculos a escorregarem-lhe pela cana do nariz.
-Fury e Thor querem falar contigo, Bridget – declarou ele. Franzi o sobrolho. Fury falara comigo naquela manhã para me dizer que já não era preciso eu vigiar Loki, por isso porque é que ele me queria agora? E Thor?
Despedi-me deles e à medida que me encaminhava para a sala de operações, não pude deixar de pensar que a conversa iria ter a ver com um certo Deus arrogante, cruel e enigmático. Loki. 

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