Ponto de vista de
Bridget
A raiva ainda me corria velozmente pelas veias quando deixei a cela de Loki. Decidi ir até lá
fora, respirar ar puro e ver o mar. Enquanto mirava as águas escuras, alguém se
aproximou.
-Foram palavras
duras aquelas que disseste ao Loki – olhei para o lado, observando Steve Rogers
a debruçar-se sobre o mar e a pôr as mãos na borda do porta-aviões.
-Ele mereceu – respondi.
-Bom, sabes, toda a
gente anda a comentar o que lhe disseste, porque nunca ninguém, nem mesmo Thor,
lhe tinha dito tão diretamente o que todos pensavam, desde a batalha em Nova
Iorque – afirmou ele.
-Eu nunca tive a necessidade
de ser assim com alguém. Ele é…
-Imprevisível - interrompeu Steve.
-Exato – concordei.
Suspirei. O barulho de um helicóptero a aproximar-se e os passos dos agentes
encheram-me os ouvidos. Dei meia volta e olhei por cima do ombro para Steve –
queres vir treinar comigo no ginásio?
Ele sorriu.
-‘Bora.
Franzi o sobrolho.
-Andas a aprender
calão com o Stark? – inquiri, sorrindo.
-Talvez – Steve sorriu
também e encaminhámo-nos para o ginásio. Este era espaçoso e estava cheio das
mais diversas máquinas: passadeiras, máquinas de musculação, cordas, bolas, pesos,
sacos de boxe, entre outros equipamentos que não conseguia identificar. Não
havia muita gente lá, já que os agentes só costumavam ir lá na pausa para
almoço ou depois das cinco da tarde.
-Então, que te
apetece fazer? – perguntou Steve. Examinei as máquinas, mas já antes de entrar
no ginásio sabia o que queria fazer.
-Não costumo vir
muito ao ginásio – confessei – mas acho que neste momento os sacos de boxe
estão a chamar por mim.
Steve sorriu,
compreendendo.
-São uma boa escolha
para descarregar a raiva e descomprimir – pegou num dos sacos do chão como se
fosse uma almofada e pendurou-o numa saliência própria no teto. Depois de
verificar que estava firme e bem preso, Steve disse:
-Faça favor.
Engoli em seco, posicionando-me
à frente do saco. Sentia-me intimidada pela figura forte e imponente de Steve,
mas tentei imaginar o saco de boxe como sendo a cara de Loki. Sorri com este pensamento e comecei a esmurrar-lhe a cara… a esmurrar o saco, desculpem. Quando
acabei, Steve sorria.
-Nada mau – afirmou,
acenando com a cabeça.
-Não vais dizer “Nada
mau para uma rapariga?” – perguntei, lembrando-me do machismo de Loki.
Ele abanou a cabeça.
-Já vi muitas
mulheres soldado e uma coisa que aprendi foi a não subestimá-las – garantiu ele.
-É a tua vez –
declarei. Desviei-me para o lado e Steve posicionou-se à frente do saco. Uma
imagem vale mais que mil palavras.
-Uau – exclamei,
fixando o saco estendido no chão e a areia que o enchia espalhada pelo chão.
Steve coçou a parte de trás do pescoço, preocupado.
-Pois, provavelmente
não foi uma boa ideia – alegou. Ainda estava chocada com a força dele, mas
segui-o quando o Capitão América se abaixou para começar a limpar o chão.
*
Almocei com Steve no
bar da S.H.I.E.L.D. depois de termos acabado de limpar o chão do ginásio e mais
tarde Natasha e Clint Barton juntaram-se a nós. Era evidente que eles gostavam
um do outro mais do que como apenas amigos, mas nenhum deles parecia gostar de
dar o braço a torcer.
-Preciso de ir falar
com o Fury agora – disse Steve quando acabámos de almoçar – queres ir para o
campo de treinos logo à tarde?
Acenei afirmativamente com a cabeça , dirigindo-me ao meu quarto. Cada agente tinha um compartimento
pessoal com casa de banho privativa, mas muitos dos quartos estavam
desocupados. Estes eram todos iguais, mas eu personalizara o meu com quadros de avisos, posters de filmes, etc. Aproveitei para ir até à casa
de banho lavar os dentes e pentear o cabelo.
Mais tarde, fui ter
com Steve ao campo de treino, uma sala grande e acolchoada com colchões azuis,
com paredes, teto e chão resistentes a super poderes. Havia um armazém adjunto
ao campo para quem quisesse ir buscar obstáculos para treinar, como muros,
bancos, escudos, etc.
-Pronta para
começar? – perguntou ele.
-Sim – assenti. Ele
pegou no seu escudo de Capitão América. Tínhamos planeado uma série de
exercícios e o primeiro consistia em ele lançar o seu escudo contra a minha
barreira magnética, de forma a testar e reforçar a minha barreira. Eu precisava
realmente de desenvolver os meus poderes, mas nunca tivera tempo, oportunidades
ou vontade de o fazer.
Posicionei-me a meio
do campo, concentrando-me no ambiente à minha volta, sentindo o magnetismo
dentro de mim e tentando expandi-lo para formar uma barreira ou um escudo à
minha volta. Steve colocou-se à minha frente, alguns metros a separar-nos, e
lançou o seu escudo contra a minha barreira. Esta tremeu quando o choque se
deu, mas resistiu à medida que o escudo fazia ricochete e Steve
o apanhava. Praticámos este exercício mais meia dúzia de vezes e depois
passámos ao seguinte.
Steve posicionou uma
série de mobília pesada à minha frente, de forma a que as minhas ondas
magnéticas invisíveis a “varressem” e atirassem contra a parede à minha frente.
Steve ficou de pé a meu lado, enquanto eu atirava a custo a mobília contra a
parede.
-Devo admitir que é
mais fácil mandar o Loki pelos ares do que o raio desta mobília pesada –
afirmei. Steve soltou uma leve gargalhada.
-Principalmente
quando te apetece mesmo mandá-lo pelos ares. Ele parecia um boneco – notou Steve.
-Ele irrita-me como
ninguém, é… - fui interrompida pela porta do campo a abrir-se, Bruce a entrar
com uma bata de laboratório e os óculos a escorregarem-lhe pela cana do nariz.
-Fury e Thor querem
falar contigo, Bridget – declarou ele. Franzi o sobrolho. Fury falara comigo
naquela manhã para me dizer que já não era preciso eu vigiar Loki, por isso
porque é que ele me queria agora? E Thor?
Despedi-me deles e à medida que me encaminhava para a sala de operações, não pude deixar de pensar
que a conversa iria ter a ver com um certo Deus arrogante, cruel e enigmático. Loki.
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