sábado, 25 de janeiro de 2014

Magneto

Estiquei a mão para abrir a pasta, mas Fury impediu-me, colocando a sua mão firmemente em cima da pasta.
-Temos de falar de algumas coisa primeiro antes de passarmos ao conteúdo desta pasta – declarou – Bridget, sei que nunca tiveste as respostas que querias acerca do teu passado, da origem dos teus poderes, de quem eras.
Franzi o sobrolho, engolindo em seco. Aonde ia aquela conversa chegar?
-Lembras-te da forma como os teus poderes "nasceram", não lembras? - interrogou Fury e eu assenti, vagueando pela mente à procura da memória.

------ Flashback -----

Era um dia nublado e sombrio e eu acabava de sair de um pequeno supermercado num dos bairros menos movimentados de Nova Iorque, atulhada de compras. Subitamente, três homens apareceram à minha frente, o líder a sacar de uma faca. Engoli em seco, o ritmo cardíaco a aumentar, tremendo de medo. Não estava ali ninguém sem sermos nós.
-Passa para cá o dinheiro - rosnou o líder - já.
Assenti, pousando os sacos e remexendo na carteira.
-Despacha-te - grunhiu o líder, aproximando-se, a lâmina da faca muito perto de mim. E então, sem saber como e de onde, um arrepio quente percorreu-me a espinha, uma emoção diferente de todas as que sentira. Senti a adrenalina a correr-me pelas veias e depois um escudo transparente projetou-se de mim e arrebatou os homens, atirando-os ao chão. Eu continuava a tremer, medrosa e confusa. Não sabia o que se passava comigo e as dúvidas sobre o meu passado, os meus pais e sobre quem era assolavam-me. Só consegui pegar nos sacos e voltar para o hotel em que me hospedara. Passado uma hora ou duas, eu ainda assustada e confusa, alguém bateu à porta do meu quarto de hotel. Abri-a. Era um homem negro, vestido com uma capa e tinha uma pala num olho.
-Boa tarde, Bridget. O meu nome é Nick Fury e acho que temos muito que falar.

----- Fim do flashback -----

A voz de Fury trouxe-me de volta à realidade.
-A verdade, Bridget, é que não te lembras de ter sido exposta a alguma experiência durante a tua vida, por isso essa não pode ser a razão da origem dos teus poderes. Quando te recrutámos para a S.H.I.E.L.D, tentámos encontrar a verdade por detrás dos teus poderes, mas presumimos que seria uma consequência do que te aconteceu ou então que fosse algo científico ou de genética – Fury olhou-me, abrindo a pasta lentamente. Uma fotografia de um homem de cabelo branco com um capacete na mão encontrava-se na primeira página. Um arrepio estranho percorreu-me o corpo, como se aquele rosto me fosse familiar, apesar de eu ter a certeza de nunca o ter visto na vida.
-Sabes quem é este, Bridget? – perguntou-me Fury, passado algum tempo. Fiz que não com a cabeça.
-O seu nome é Erik Lehnsherr, mais conhecido por Magneto – declarou Fury. Senti um baque ao reconhecer o nome. Magneto era um vilão com poderes poderosos, com quem a famosa equipa de super-heróis, X-Men, lutava – sabes quais são os seus poderes, Bridget?

Erik Lehnsherr, também conhecido por Magneto

Engoli em seco. Tinha uma vaga ideia e sabia onde Fury queria chegar. Mas não podia ser verdade.
-Ma… magnetismo – respondi, com voz sumida – tal como eu.
-Sim, só que os poderes dele estão muito mais desenvolvidos e ele sabe controlá-los na perfeição – completou Fury.
-Mas eu nunca o vi na minha vida.
-Há uma ligação óbvia nos vossos poderes e tememos que haja alguma espécie de vínculo entre ambos.
-Porque é que só agora é que me contou? – interroguei, chateada.
-Os teus poderes atingiram uma nova potência agora, Bridget. Só agora conseguimos fazer a ligação.
-Então, antes os meus poderes não eram suficientemente fortes para vocês poderem pensar que podiam estar relacionados com os poderes de Magneto? – questionei.
Fury acenou com a cabeça. Cerrei os dentes.
-Não pode ser – insisti – tem de haver outra explicação.
-E pode haver, Bridget – concordou Fury – mas até agora esta é a explicação mais plausível que possuímos.
-E agora, o que quer que eu faça? Vai mandar-me em missão?
-Não. O que eu quero, Bridget, é que o pares. Magneto tem planos para dominar a Terra. Os X-Men estão ocupados a lidar com outros assuntos. A única equipa suficientemente forte para fazer frente a Magneto e aos seus mutantes sem ter qualquer tipo de experiência com eles é os Vingadores.
-Mas eu não faço parte dos Vingadores.
-Mas tens potencial, Bridget. Só precisas de te aperceber disso e de treinares. Magneto está a avançar com calma, mas precisamos de o parar.
-Os Vingadores já sabem disto?
-Ainda não. Foste a primeira a saber – Fury olhou-me, acrescentando com voz urgente – Magneto está a aproveitar-se da euforia da vitória contra Loki para avançar. Sabe que as pessoas escondem a tristeza, a perda e a destruição por debaixo de toda aquela euforia. Os humanos nunca estiveram mais vulneráveis e Magneto sabe-o, e vai aproveitar. A partir de agora, preciso que todos treinem com afinco e que tu lhes possas dar algumas indicações de qual será a melhor maneira de derrotar Magneto. Preciso que lhes digas os pontos fracos dos teus poderes. Magneto pode estar a contar com uma equipa forte de super-heróis, mas não está a contar contigo, Bridget. Ao fim de tanto tempo a conseguir manter-te escondida, agora veio a vantagem. Agora temos o trunfo.
Engoli em seco, à medida que o peso da responsabilidade se abatia sobre mim. E se não fosse capaz? Depois lembrei-me de uma outra questão.
-Mas antes de me apresentar aos planos de Magneto estávamos a falar de Loki e dos planos que tinha para ele, Fury. Qual é, então, a relação dele a este caso?
-Loki, apesar de todos os seus erros, não deixa de ser poderoso. O meu plano é conseguir fazer com que ele lute ao lado dos Vingadores e de ti, Bridget. Quero que ele coopere connosco.
Abri a boca de espanto.
-Isso não me parece muito possível. Ainda há pouco tempo era Loki que queria dominar a Terra. Não seria mais certo ele juntar-se a Magneto do que a nós? – inquiri.
-Provavelmente – assentiu Fury - mas agora nós temos algo que o pode impedir. Ou melhor, alguém.
O olho de Fury fitou-me, como se visse através de mim. Era certo que ele não estava a falar de mim. Não podia.
-Não está a dizer-me que Loki se vai juntar a nós por causa de mim – afirmei.
Fury esboçou um pequeno sorriso.
-É exatamente isso que eu estou a dizer. Tu ajudaste-o, Bridget, e por mais tolo que te possa parecer, Loki sente-se em dívida para contigo. O próprio Thor o afirmou - mentalmente, suspirei de alívio por ele não enveredar por outros caminhos, caminhos que Tony, por exemplo, enveredaria. Como o amor - e se o Loki estava realmente sob o controlo do Tesseract, se calhar agora que voltou ao seu eu verdadeiro, quer tentar remediar-se, só que não o admite. E que melhor hipótese de se remediar do que agora?
Engoli em seco. Fury tinha razão. Loki tinha a possibilidade de se redimir e eu esperava que ele assim o fizesse. E se Magneto era uma ameaça, eu faria tudo o que estivesse ao meu alcance para o deter. Incluindo lutar ao lado do Deus do Prejuízo que sempre me irritava. Isto claro, partindo do princípio que ele nos ajudaria. Mas uma parte de mim, lá no fundo, queria ardentemente que ele nos ajudasse. Queria ardentemente que ele se redimisse. Queria ardentemente consertá-lo. 
-Então agora está na altura de contar tudo aos outros Vingadores - Fury trouxe-me de volta à realidade - espero total confidencialidade de tudo o que lhe disse aqui. Depois poderá discutir e debater com os Vingadores, mas só depois de eu os informar. Agora pode ir, agente Robinson. Chame-os até cá. Leve a pasta e leia as restantes informações do que tem de fazer. Aí dentro constam algumas das habilidades de Magneto, bem como algumas dicas do que deve fazer a seguir. Por agora é tudo, agente Robinson. Reunião terminada.
Assenti com a cabeça, peguei na pasta e saí silenciosamente do gabinete, a cabeça cheia de questões e dúvidas, mas a maior emoção era a esperança com que ficara de lutar ao lado dos Vingadores e da hipótese remota de Loki se redimir. Remota, mas possível. Quem me dera.

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